A indústria de software B2B está vivendo um divisor de águas. A Inteligência Artificial (IA) transformou completamente o cenário competitivo, e acelerou o ritmo da inovação, comprimindo ciclos de produto e exigindo uma nova mentalidade das empresas de SaaS. O que funcionava há dois anos pode estar obsoleto hoje.
Neste artigo, vamos explorar porque sua empresa precisa se “refundar” — sim, começar de novo com uma nova mentalidade — e como alcançar o dobro da produtividade se tornou um imperativo para crescer e sobreviver na era da IA.
O fim da estabilidade: a IA envelheceu o software B2B
Por mais de uma década, o mercado de SaaS viveu em relativa estabilidade. Ciclos de inovação eram longos, e bastava adicionar recursos gradualmente para manter a competitividade.
De 2011 a 2023, era comum lançar um CRM, fazer atualizações incrementais, corrigir bugs e manter um crescimento previsível com playbooks testados de go-to-market.
Essa era acabou.
Em 2024, as empresas AI-first já não disputam espaço atacando gigantes, como Salesforce, de forma direta. Elas estão vencendo com “mil pequenos cortes”: reduzindo taxas de upsell, ganhando licitações menores, pressionando margens.
E o pior: estão envelhecendo o software tradicional em ritmo acelerado.
No segmento de LegalTech, por exemplo, soluções como Harvey AI (fundada em 2022) já atraem grandes escritórios com modelos generativos que eliminam etapas jurídicas repetitivas.
Ferramentas de suporte com IA generativa reduziram em 30% o tempo médio de atendimento em empresas que antes dependiam de scripts e centrais tradicionais.
O que isso significa? Que mesmo as soluções lançadas recentemente já parecem datadas. As vantagens competitivas — marca, dados proprietários, integrações — estão sendo corroídas pela velocidade de evolução da IA.
— Saiba também: Micro-SaaS: guia completo de como divulgar o seu produto
Por que “refundar” sua empresa de SaaS é a única resposta estratégica?
Diante desse cenário, as empresas SaaS precisam fazer mais do que adaptar recursos: precisam se refundar.
Jason Lemkin, investidor referência em SaaS, propõe uma reflexão fundamental: “Se começássemos do zero hoje, o que construiríamos?”
Essa pergunta força o desapego.
- Seu produto ainda resolve o problema central da persona?
- O modelo de negócios ainda é escalável nesse novo contexto?
- A arquitetura do software permite o uso pleno de IA?
Muitas vezes, a resposta será “não”. E tudo bem, desde que você tenha coragem para agir.
Construir 2x mais rápido para sobreviver e crescer
A refundação não é sobre o que construir, mas como fazer isso em metade do tempo.
A nova moeda do SaaS é a velocidade de execução. O time precisa entregar soluções novas e adaptar processos com rapidez, sob pena de ser ultrapassado por empresas menores, mais enxutas e com IA no core.
Alguns exemplos notáveis:
- A Dropbox criou uma estrutura interna para reinventar seu produto com foco em IA, mesmo atendendo milhões de usuários legados.
- Já o Salesforce reestruturou seu produto de marketing para acelerar a entrega de IA generativa, o Einstein.
- Mais perto de casa, o Reportei, empresa cliente aqui da E-Dialog, adicionou um assistente IA ao software de relatórios e dashboards, que analisa métricas e sugere insights para as campanhas de marketing a partir dos dados.
Empresas menores podem se mover com mais agilidade e devem usar isso como vantagem estratégica.
Produtividade com IA em SaaS: como fazer mais com o mesmo time?
Portanto, a maior expectativa do mercado hoje é que as empresas façam duas vezes mais com o mesmo número de colaboradores. Não há espaço para inchaço no headcount. Não há paciência para entregas lentas.
E a Inteligência Artificial é a principal alavanca para esse salto. Veja alguns números:
- Ferramentas como GitHub Copilot aumentaram a produtividade de desenvolvedores em até 55%, segundo estudo da GitHub/Accenture.
- Soluções de atendimento com IA já respondem por 30% a 40% das interações em grandes operações de suporte.
- Ferramentas de marketing baseadas em IA reduzem o tempo de produção de conteúdo em até 60%, permitindo maior escala com o mesmo time.
Contudo, apesar dos ganhos claros, muitas equipes resistem à adoção de IA, o chamado “AI slow roll“. Estima-se que entre 20% a 40% dos profissionais simplesmente não se adaptem aos novos fluxos. Eles preferem os playbooks “antigos”, e isso é um risco estratégico.
Lição para líderes: a transformação não será democrática. Será implacável. Os líderes precisam impulsionar a mudança com clareza, requalificar times ou buscar talentos alinhados com o novo momento.
A pergunta não é se vale a pena adotar IA, mas quem está disposto a aprender rápido o suficiente para não ser deixado para trás.
Como inovar radicalmente para sobreviver à consolidação no mercado enterprise
Se por um lado os CIOs têm orçamento para IA, por outro enfrentam pressão por consolidar fornecedores. Isso cria um paradoxo: só entra no stack quem entrega inovação clara, mensurável e urgente.
A regra da exceção
Para vencer no enterprise, sua empresa precisa ser tão inovadora que o cliente decida abrir exceções à própria política de consolidação.
Um exemplo é o Departamento de Defesa dos EUA, notoriamente avesso a mudanças, mas que investiu pesado no Palantir. A empresa, que opera no setor de análise de dados, otimizou e aumentou a capacidade do Departamento de resolver problemas com IA que outras não conseguiam.
A era do “valor incontornável”
A pergunta que toda solução SaaS precisa responder é: “O que entregamos que é impossível ignorar?”
Se não houver uma resposta convincente, o risco de substituição cresce. E não é por um concorrente tradicional, mas por uma startup AI-first com nenhum legado e 10 vezes mais velocidade.
— Leia também: SEO e IA: utilizando inteligência artificial na otimização de sites
Como aplicar a refundação e produtividade com IA em SaaS na prática
Transformar teoria em prática exige planejamento. Por isso sugerimos quatro passos concretos para liderar a mudança:
1. Rodar o exercício de refundação com sua liderança
Reserve um dia para revisar, formalizar hipóteses e transformar os insights em um plano de ação.
- Seu produto ainda resolve o problema de forma relevante?
- Você aproveita a IA de forma central ou periférica?
- Seu posicionamento ainda é único?
2. Identificar processos repetitivos e automatizáveis com IA
Mapeie áreas como:
- Atendimento ao cliente
- Criação de conteúdo
- Qualificação de leads
- Análise de dados internos
E implemente soluções de IA para gerar ganhos de curto prazo.
3. Redefinir cultura interna com foco em aprendizado contínuo
Crie trilhas internas de capacitação em IA. Valorize quem se atualiza e faça da experimentação uma rotina.
4. Medir produtividade em ciclos curtos
Adote OKRs quinzenais. Avalie as entregas por impacto em vez de esforço, use os dados para tomar decisões e seja rápido para corrigir o rumo.
Conclusão: o momento de agir é agora
A revolução da Inteligência Artificial não é futura. Ela já está acontecendo e só vai acelerar.
Se sua empresa SaaS ainda não dobrou a produtividade, ainda não se refundou e ainda não colocou IA no centro do produto, o tempo está contra você.
Empresas que agem rápido vão crescer. As que hesitam serão deixadas para trás.
A E-Dialog acredita que inovação e velocidade são os pilares do crescimento no digital. Seja com estratégias de marketing orientadas por dados, seja com implantação de tecnologias que otimizam resultados, nosso time está pronto para ajudar sua empresa a navegar e vencer na era da IA.
Para saber como alavancar sua operação de SaaS com IA e produtividade, fale com os nossos especialistas e entenda como a E-Dialog ajuda sua empresa a se preparar para o futuro — que, aliás, já começou.
Artigo baseado na palestra de Jason Lemkin, CEO e founder da SaaStr, no SaaStr Annual 2025.